A eleição municipal de 2020 deixou um cenário de terra arrasada para a esquerda, que viu o centro político conquistar a imensa maioria das capitais e avançar no número de prefeituras pelo país. Mas, em meio ao deserto, restou uma espécie de oásis encravado em algumas das principais capitais do Nordeste, defendido por dois partidos que atuam longe do petismo, agora em derrocada, mas que há muito era a principal força desse campo ideológico.

A dobradinha PSB-PDT, comandada pelos clãs Campos, em Pernambuco (construído pelo ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014), e Ferreira Gomes, dos irmãos Ciro e Cid, no Ceará, passou no teste das urnas e emerge agora como uma força competitiva para 2022.

Mas o que são esses partidos de esquerda que triunfaram na última eleição? O PSB tem como sua principal vitrine o domínio estabelecido em Pernambuco desde que Eduardo Campos se elegeu governador em 2006. Ele ocupou o cargo por dois mandatos e fez o sucessor, Paulo Câmara, que está na segunda gestão. Além disso, a legenda comanda a prefeitura desde 2013. A influência política da família vem, no entanto, de muito antes.

Mas os acenos a determinados heróis esquerdistas de outrora podem ser apenas uma cortina de fumaça do novo PDT e do novo PSB. Sem os grilhões do PT — e cada vez mais longe de PSOL e PCdoB —, as lideranças dos dois partidos passaram a vislumbrar a possibilidade de formar uma frente mais ampla com a centro-direita em 2022.