Neste 15 de janeiro, uma polêmica histórica foi trazida à tona pelo advogado, tributarista e historiador Saulo Duarte, que desafiou a validade da data de 11 de setembro como marco de emancipação de Flores, no Sertão do Pajeú. Em entrevista exclusiva à Florescer FM, ele argumentou que a celebração da data está fundamentada em equívocos históricos e não reflete a verdadeira história do município.
“Essa data de 11 de setembro não tem nenhum vínculo com a emancipação política de Flores. Trata-se, na verdade, de uma divisão paroquial promovida pela Igreja Católica, sem qualquer relação com o processo administrativo ou político do município”, afirmou Duarte, que também questionou a lógica histórica por trás da comemoração. “Como pode a mãe ser mais nova que a filha? Flores já era julgado desde 1762, e sua história remonta ao final do século XVII, quando começou a formar-se o arraial.”
Saulo Duarte defende que o verdadeiro marco de emancipação ocorreu em 15 de janeiro de 1810, quando a Coroa Portuguesa, por meio de um Alvará Régio, institucionalizou os sertões pernambucanos e estabeleceu a criação da Comarca do Sertão. Segundo ele, foi nesse momento que Flores foi elevada à condição de vila, tornando-se cabeça da Comarca e protagonista na reorganização política e administrativa do interior de Pernambuco.
“Foi a partir dessa data que o sertão passou a ser reconhecido politicamente. A criação da Comarca de Flores trouxe magistrados, força militar, uma câmara do senado e marcou a institucionalização do sertão como um território organizado. Ignorar isso é lutar contra a verdade histórica”, reforçou o historiador.
Duarte também destaca que essa reorganização foi fruto de uma visita estratégica do governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que, em 1803, percorreu os sertões e identificou a necessidade de institucionalizar a região. Em seu relatório ao Príncipe Regente, Dom João, Caetano relatou o caos administrativo e a falta de governança nos sertões, o que culminou no decreto que transformaria a região.
A crítica à data de 11 de setembro não se limita à argumentação de Saulo Duarte. Ele sustenta que comemorar essa data desvia o foco da verdadeira relevância histórica de Flores e do papel fundamental que o município desempenhou na construção da identidade do sertão pernambucano.
“Os florenses precisam conhecer e respeitar sua verdadeira história. Não podemos perpetuar uma narrativa errada enquanto a documentação histórica nos oferece provas claras de que o marco de emancipação de Flores é o dia 15 de janeiro de 1810. Essa é a data que deve ser celebrada, pois representa o início de uma nova era para o sertão”, concluiu.