Radialista e secretário de Comunicação de Serra Talhada, Anderson Tennens compartilha desafios da comunicação, problemas da população e fala sobre sua habilidade em separar suas funções como comunicador e membro da gestão pública.
Em sua participação no podcast “ElesPOD” Anderson Tennens, radialista e secretário de Comunicação da Prefeitura de Serra Talhada, trouxe uma reflexão profunda sobre os desafios de conciliar seu trabalho como comunicador e sua responsabilidade na gestão pública. Durante a conversa com os apresentadores Júnior Campos e Marina Ferraz, Anderson detalhou como lida com as pressões e as críticas, além de pontuar as complexidades da comunicação tanto no rádio quanto na administração pública.
A realidade da comunicação: Entre elogios e críticas
Anderson começou sua fala refletindo sobre as dinâmicas da comunicação e como é difícil emplacar o que é realmente positivo, especialmente no meio jornalístico. “Realmente, existe essa dificuldade de você emplacar o que é bom. Geralmente, o que é bom é encarado, muitas vezes, no meio do jornalismo como publicidade. Então, muitas vezes, você tem que pagar para divulgar as boas notícias”, comentou. Ele explicou que, ao contrário, as notícias negativas chegam facilmente ao público, com uma força muito maior. “A situação difícil, o problema, é muito mais fácil de emplacar. Gera audiência, expectativa no ouvinte, no telespectador”, observou.
Ele também fez uma crítica aos governos, destacando que, para lidar com isso, é necessário aprender a trabalhar com o conceito de comunicação negativa e positiva. “Os governos têm que aprender a lidar com essa realidade. Não existe cidade perfeita. Mesmo em uma gestão com aprovação popular, como a do prefeito João Campos, da capital, sempre há questões a serem resolvidas, que nem sempre ganham as manchetes, mas existem”, comentou. Essa visão pragmática de Anderson é um reflexo da complexidade da comunicação, especialmente quando o foco é o crescimento e as melhorias em cidades em desenvolvimento, como Serra Talhada.
A velocidade do desenvolvimento e a comunicação
Anderson também falou sobre o crescimento acelerado de Serra Talhada, destacando como a cidade está em constante mudança. “O desenvolvimento aqui é como a velocidade do vento, crescem muito rápido. Você vai numa rua hoje, e ela está de um jeito. Amanhã, ela já é outra realidade”, afirmou, reforçando que essa dinâmica também afeta como a comunicação pública é recebida.
Radialista e secretário: Como separar as funções
O ponto alto da entrevista foi a reflexão de Anderson sobre sua posição como radialista e secretário de Comunicação. Para ele, não existe complicação em exercer essas duas funções, desde que haja uma clara separação entre elas. “Eu sou muito bem resolvido com isso. Consigo separar as coisas”, afirmou. Anderson revelou que, muitas vezes, os ouvintes não sabem que ele é secretário, e vice-versa. “Tem ouvinte que até hoje não sabe que sou secretário, e tem gente que me conhece na prefeitura e não sabe que sou radialista. Eu consigo fazer de um jeito que as pautas não se misturam. Pelo menos na minha cabeça, elas não se misturam”, explicou.
Ele também destacou que, em seu programa, sempre houve um compromisso com a liberdade de expressão. “O espaço está aberto. Ouvinte nenhum é censurado no meu programa. Se é para elogiar, que elogie. Se for para criticar, que critique. Se quiser fazer uma denúncia, que faça. Não existe censura”, afirmou, ressaltando que essa postura é uma característica fundamental de seu trabalho, tanto na rádio quanto na secretaria.
Denúncias e a interação com a prefeitura
Em relação às demandas da população, Anderson falou sobre como as denúncias chegam e como ele lida com elas. Recentemente, ele recebeu queixas sobre problemas no cemitério, como a falta de água e o roubo de fiação. “Procuramos a Secretaria de Iluminação Pública e Energia, que informou que sua parte já estava concluída, mas agora o problema era com a NeoEnergia”, contou. Além disso, ele destacou que, embora o espaço de denúncia seja aberto, nem todas as questões são respondidas de imediato. “Ontem mesmo passei três ou quatro denúncias sobre agentes de saúde que não estavam passando na rua. Não obtive resposta até agora. Fico na expectativa, porque, como imprensa, temos que ter um pouco de paciência”, disse Anderson.
Ele ainda trouxe à tona uma situação envolvendo a demora de um atendimento médico, destacando como as denúncias podem, de fato, ser muito mais complexas do que parecem à primeira vista. “Uma mãe me falou que sua filha estava esperando atendimento há mais de duas horas porque a médica estava atrasada. Isso me chocou, mas antes de sair publicando, é necessário investigar e ouvir as duas partes. Esse é o papel do jornalista”, concluiu.
A ética da comunicação e os desafios da imprensa
Por fim, Anderson reforçou a importância de exercer a comunicação com ética, principalmente quando se lida com uma função pública. “A gente não pode ser uma rádio que só defende o governo ou que só critica o governo. A responsabilidade é de dar voz a todos, com equilíbrio e bom senso. As pessoas esperam que a comunicação seja verdadeira, sem distorções”, afirmou.
“Márcia Conrado Futebol Clube”
Fechando a conversa, Anderson também reafirmou sua postura em relação à gestão atual de Serra Talhada e ao seu papel na comunicação. Comentando sobre a relação de sua rádio com o governo da prefeita Márcia Conrado, ele fez uma brincadeira, mas de forma bem clara. “Eu sou Márcia Conrado Futebol Clube”, disse, destacando que, apesar de sua função no governo, sua abordagem permanece equilibrada, mantendo a liberdade de crítica. Ele também mencionou o deputado Luciano Duque, ex-prefeito de Serra Talhada e atual adversário político de Márcia, reafirmando que, como radialista, seu papel é oferecer espaço para todas as perspectivas.