Júnior Campos
OPINIÃO DO EDITOR

Rodovias do Pajeú e a tragédia dos animais soltos: até quando?

A morte do pai e os ferimentos do filho, vítimas de uma colisão entre uma moto e um cavalo na BR-232, nas imediações de Varzinha, em Serra Talhada, reacendem um alerta que já deveria ter se transformado em providência há muito tempo. O acidente, infelizmente fatal, é mais um capítulo de uma triste estatística que vem se tornando comum nas rodovias do Sertão do Pajeú.

Na semana passada, também em Serra Talhada, um grave acidente envolvendo dois caminhões foi provocado por uma vaca solta na pista. Três pessoas ficaram feridas, uma delas gravemente. E não para por aí: na região de Afogados da Ingazeira, um motociclista se envolveu em outro acidente com uma vaca, felizmente sem vítimas fatais, mas com danos que poderiam ter sido evitados.

É preciso dizer com todas as letras: esses não são acidentes inevitáveis. São tragédias anunciadas. E o que choca é a repetição, o padrão, a inércia. Animais soltos em rodovias são um risco real, previsível e que pode ser prevenido com fiscalização, leis mais rigorosas, responsabilização dos donos e medidas estruturais, como cercas e sinalização.

O que se vê, no entanto, é o descaso. A ausência do Estado, a negligência dos proprietários de animais e a omissão de autoridades que deveriam zelar pela segurança nas estradas resultam em vidas interrompidas e famílias destruídas. Não se trata de um problema novo — mas da falta de vontade de enfrentá-lo com seriedade.

Enquanto isso, a população do Pajeú segue vulnerável, viajando em estradas onde o perigo pode aparecer de repente em forma de boi, vaca ou cavalo. A cada nova tragédia, surgem notas de pesar, promessas e indignação passageira. Mas depois tudo volta ao normal — até o próximo acidente.

É urgente que algo mude. Que se investigue, que se puna, que se previna. Que a vida de quem circula pelas rodovias do Sertão tenha valor. Porque não podemos mais aceitar que o destino de tantas famílias continue sendo decidido pela irresponsabilidade alheia e pelo silêncio das autoridades.

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