Em uma sessão marcada pelo silêncio estratégico, a Câmara de Vereadores de Serra Talhada aprovou por unanimidade, na última terça-feira (13), o título de cidadã serra-talhadense à governadora Raquel Lyra (PSD). A proposta, de autoria dos vereadores de oposição Lindomar Diniz e Antônio de Antenor, teve 17 votos favoráveis, sem qualquer manifestação contrária — nem mesmo dos parlamentares que vinham adotando discurso crítico à chefe do Executivo estadual.
A aprovação do Projeto de Decreto Legislativo nº 010/2025 ocorre num momento de tensão política no município, sobretudo após o rompimento entre a prefeita Márcia Conrado (PT) e a governadora. A sessão, no entanto, seguiu sem nenhuma manifestação mais contundente da base da prefeita. Nomes como a vereadora Alice Conrado, mãe de Márcia, e o líder do governo, Gin Oliveira — que vinham subindo o tom contra Raquel — preferiram o silêncio.
O único a se manifestar foi o vereador Zé Raimundo que saiu em defesa da prefeita, afirmando que “não houve qualquer orientação por parte de Márcia Conrado para que se votasse contra a homenagem”. Em sua fala, o parlamentar ainda relembrou seu apoio à governadora no segundo turno das eleições:
“Tenho a felicidade de dizer que votei na governadora Raquel Lyra, lembro muito bem que depois do primeiro turno… depois de 15 dias anunciava naquele momento o apoio à governadora Raquel Lyra e assim nós o fizemos. Saímos de 4 mil votos para 24 mil votos dados à governadora Raquel Lyra… e aí, graças a Deus, nos aproximamos da Raquel. Márcia teve uma relação muito boa com ela, e aqui tivemos muitas obras com ela. Inclusive, o título é merecedor”, disse completando: “pegue nos anais desta Casa e veja quem diminuía Raquel”.
Já o líder da oposição, Lindomar Diniz, autor da proposta, não discursou sobre o tema durante a votação.
Segundo a justificativa do projeto, a concessão do título à governadora leva em consideração investimentos recentes do Governo do Estado em Serra Talhada, especialmente em áreas como infraestrutura e saúde. O texto destaca que Raquel Lyra tem contribuído de forma significativa com o município, razão pela qual os parlamentares decidiram reconhecer a gestora com a honraria.
A unanimidade da votação, somada à ausência de discursos críticos, lança luz sobre um novo dilema para os vereadores governistas: como manter o discurso de enfrentamento com a governadora após o apoio coletivo à homenagem? A movimentação pode indicar um início de distensionamento institucional ou, ao menos, uma estratégia de cautela por parte da base de Márcia Conrado.
Com o gesto, a oposição amplia sua articulação em torno do Palácio do Campo das Princesas, enquanto a base governista parece testar novos caminhos diante de um cenário político cada vez mais reconfigurado.