Júnior Campos
Política

Duque diz que houve corrupção, e que os envolvidos estão ‘desmoralizados’ apesar da decisão do MP

Em entrevista ao podcast ElesPOD, apresentado por Júnior Campos e Marina Ferraz, o deputado estadual Luciano Duque (SD) abordou a polêmica envolvendo a prefeita Márcia Conrado (PT) e os desdobramentos de um processo eleitoral em Serra Talhada. Durante a conversa, o ex-prefeito de Serra Talhada revelou detalhes sobre uma denúncia de tentativa de cooptação do ex-candidato a vereador Odair Pereira, que disputou as eleições ao lado de Miguel Duque, filho do deputado.

O caso começou a ganhar notoriedade quando Odair Pereira entregou ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) gravações que indicavam um suposto esquema de corrupção envolvendo a prefeita, seu esposo Breno, o líder do governo na Câmara, Gin Oliveira, e o próprio vereador Odair, que disputava uma vaga pela oposição. Nos áudios, a oferta de vantagens financeiras em troca de apoio político foi mencionada.

Luciano Duque, ao ser questionado sobre os desdobramentos dessa investigação, explicou a gravidade da situação e a falta de punição. “O grande perdedor dessa eleição não foi a oposição, foi a justiça eleitoral. Porque você conversa com o povo hoje e o povo deixa claro o que aconteceu, mas a justiça não viu isso”, afirmou o deputado.

Duque detalhou ainda que, após a denúncia de Odair, a coligação de Márcia Conrado e seus aliados tentaram colocar o nome dele no centro do processo de forma indevida. “A coligação da prefeita chamou o Odair no escritório deles aqui na praça e disseram: ‘Você diga que foi o Luciano que mandou denunciar’. Queriam me colocar dentro de um processo que eu não tinha nada a ver, para me desmoralizar como criminoso”, contou Duque.

O deputado também falou sobre a tentativa de corrupção, com a oferta de R$ 5.000 e benefícios para o candidato, caso ele aceitasse se aliar ao grupo de Márcia Conrado. “Ninguém pode esconder a verdade. Estava lá o esposo da prefeita, doutor Breno, o líder do governo, o Odair e a prefeita. Tentaram corromper ele. Agora, se vai ser condenado ou não, isso é um problema da justiça. Agora, moralmente, me desculpem, eles estão desmoralizados”, disparou o deputado.

O armazém

Duque não se limitou apenas ao caso envolvendo Odair Pereira, mas também trouxe à tona outro episódio de tentativa de cooptação durante a mesma campanha eleitoral. Ele mencionou uma reunião que teria ocorrido em um armazém, onde ele acredita que outro envolvido na campanha, identificado como “Pedro”, possa ter aceitado uma proposta de cooptação. “Se o Odair tivesse aceitado, quem ia saber? Quem garante que o Pedro, que foi lá para o armazém do seu Nena, não aceitou uma proposta e se corrompeu? E houve coisas piores”, afirmou Duque.

O deputado não poupou críticas à forma como a situação foi tratada pela justiça. “Se há uma dúvida sobre um crime cometido, que de fato houve, o que se discute na justiça é se a prova é lícita ou ilícita. A justiça discutiu isso, mas a realidade é que houve o crime. A tentativa de cooptação foi clara”, declarou.

O futuro do caso

O Ministério Público arquivou a denúncia apresentada por Odair Pereira, considerando que, apesar da gravidade das alegações, a licitude das gravações e a validade das provas eram questionáveis. No entanto, Duque afirmou que seu filho, Miguel Duque, e sua coligação seguirão até as últimas instâncias legais. “Vamos aguardar a manifestação da justiça. Mas, para a sociedade de Serra Talhada, uma coisa é clara: houve o crime, houve a oferta de dinheiro público, houve a tentativa de cooptação. Se vai ser punido ou não, isso é com a justiça”, afirmou Duque.

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