A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), deu sinais claros em entrevista ao Estadão de que sua permanência no PSDB pode estar com os dias contados. Embora sem anunciar oficialmente, Lyra sugeriu que está próxima de uma mudança de partido, possivelmente para o PSD. Insatisfeita com a linha política adotada pelos tucanos, ela criticou o que chamou de “oposição sistemática” ao governo Lula, que, segundo ela, ignora a realidade das necessidades da população.
“Discordo de posições que o partido vem tomando, como a oposição sistemática ao governo Lula,” afirmou Lyra, referindo-se ao PSDB. Ela questionou a postura de oposição “por oposição”, defendendo uma atuação mais voltada para as questões concretas que afetam a vida das pessoas.
Apesar de reconhecer o crescimento do PSDB em Pernambuco, que passou de cinco para 32 prefeituras sob sua liderança, a governadora indicou que seu compromisso com o partido pode estar chegando ao fim. “Sou grata ao partido pela oportunidade de disputar e ganhar três eleições, mas faço discussões internas,” destacou.
Raquel Lyra não escondeu sua afinidade com as lideranças do PSD. Afirmou que mantém uma “relação muito sólida” com Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda, e com André de Paula, presidente estadual do partido e atual ministro do governo Lula. “Há uma proximidade forte com Kassab e o PSD”, disse a governadora, elogiando também a colaboração de André de Paula com a gestão estadual.
Em um tom conciliador, Lyra destacou a importância de buscar consensos com o governo federal, que conta com o PSD em sua base. “O mundo ainda tem fome e precisamos construir esses consensos e ter uma agenda para o País. Por isso não me coloco como oposição ao presidente Lula,” afirmou, reconhecendo ainda o papel do presidente em destravar projetos para Pernambuco. “Tenho que reconhecer e agradecer a postura do presidente Lula e dos ministros.”
A entrevista de Lyra ocorreu em meio a rumores sobre sua saída do PSDB e um dia após declarações de Marconi Perillo, presidente do partido, reafirmando a posição de oposição ao governo federal.