Júnior Campos
Política

Rejeição de título ao advogado expõe uso político das homenagens na Câmara de Serra Talhada

Uma cena inusitada e constrangedora marcou a sessão da Câmara Municipal de Serra Talhada nesta terça-feira (15). Pela primeira vez na história recente do Legislativo, uma proposta de concessão de título de Cidadão Serra-talhadense foi rejeitada em plenário, mesmo com o homenageado presente, acompanhado de familiares e amigos, e após ter sido amplamente anunciado à imprensa local.

O veto partiu da maioria da bancada governista, que se opôs à homenagem ao advogado Wendell Araújo de Oliveira — nome reconhecido nacionalmente, inclusive por ter atuado em uma intervenção junto ao Vaticano que resultou na reabilitação do Padre Cícero pela Igreja Católica, além da iniciativa de instalar um instituto voltado à geração de emprego e renda em Serra Talhada.

A negativa escancarou um cenário de retaliação política. Um dia antes da votação, o vereador André Maio (Avante) havia aparecido em uma foto ao lado de Vandinho da Saúde e Helano Peixoto — aliados do deputado Luciano Duque e principal adversário da prefeita Márcia Conrado. A resposta veio rápida. A base governista agiu para desgastar o vereador, usando a rejeição da homenagem como instrumento de punição pública.

A situação causou indignação. O advogado Wendell Oliveira, surpreendido com a rejeição, classificou o episódio como uma “picuinha política pequena” e lamentou que interesses mesquinhos falem mais alto que o reconhecimento ao mérito. “Esse fato isolado não representa o povo do Pajeú nem de Serra Talhada. Representa a pequenez de uma política miúda, que não enxerga a grandeza que o povo dessa terra merece”, disse ao programa Rádio Vivo, da Rádio Pajeú.

Advogado ao lado dos vereadores Lindomar, André Maio, Antônio de Antenor e China.

André Maio também reagiu. Disse ter se sentido “enojado” com a forma como a política tem sido feita em Serra Talhada. “O Dr. Wendell não é qualquer um. Trouxe sua família, prestigiou essa Casa, e foi tratado com desrespeito. Nunca votei contra título proposto por outro vereador, mesmo sem conhecer o homenageado. Isso aqui foi pura politicagem”, disparou ao blog Júnior Campos.

A rejeição ao título não foi o único revés político do dia para André Maio. Os vereadores também mantiveram o veto da prefeita Márcia Conrado ao projeto de sua autoria que previa cursinhos online gratuitos para estudantes de baixa renda — projeto que foi considerado inconstitucional pela gestão. Mais uma vez, a base governista atuou em bloco, isolando o vereador no plenário.

A cena vivida nesta terça-feira deixa um recado claro: a política em Serra Talhada, infelizmente, ainda está longe de alcançar a maturidade institucional necessária para separar divergências ideológicas da agenda do parlamento. E, pior, mostrou que até mesmo as homenagens — que deveriam ser símbolo de reconhecimento e união — estão sendo sequestradas por interesses políticos menores.

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