A ausência da deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) é uma prática que se repete na Câmara dos Deputados e corrobora as sucessivas recusas da atual candidata ao governo pelo Solidariedade para participar de debates televisivos com demais postulantes nesta eleição em Pernambuco. Um levantamento baseado no mapa de votações da Câmara revela uma Marília “ausente” ou a “abstenção” dela em pautas importantes relacionadas à liberação de porte de armas, ao aumento do piso salarial de agentes de saúde, à precarização do trabalho, à ampliação de recursos para municípios, a fura-filas de vacina da Covid-19 e ao refinanciamento de dívidas de estudantes, entre outras. Marília soma 59 faltas no Plenário nesta Legislatura entre justificadas e não-justificadas. Em muitas ocasiões, mesmo marcando presença na sessão, preferiu não votar quando em questão estavam assuntos polêmicos e fundamentais para a melhoria da vida das pessoas.

O candidato da Frente Popular ao governo do estado, Danilo Cabral, começou a questionar a postura da adversária em debates e também em peças veiculadas nas redes sociais, na TV e no rádio. “Fugir dos debates já é grave, porque desrespeita os eleitores e a democracia. Quem foge do debate tem medo da verdade, do olho no olho, do confronto de ideias com os adversários. Mas fugir de votações importantes é mais grave ainda, porque aí estão sendo votados projetos que vão afetar a vida do país inteiro”, afirmou o candidato a governador Danilo Cabral (Frente Popular), ao analisar a postura de Marília. “Quem foge das votações quer evitar tomar posições, quer chegar ao poder de qualquer jeito, sem se comprometer com nada”, disse Danilo.

Marília participou de um número bem menor de votações nominais na Câmara, se comparado o número dela com o de Danilo (Marília teve 130 votações nominais a menos que Danilo). As votações nominais representam mais transparência e participação do parlamentar no Plenário. A candidata do Solidariedade se absteve (neste caso, estava na sessão, segundo o registro, e teclou a opção da “abstenção”) sobre o Projeto de Lei nº 948/2021, que autorizava empresas privadas a comprarem vacina contra a Covid-19 para imunizarem funcionários, conhecido o “fura-fila da vacina”. A principal mudança prevista pelo texto era a retirada da exigência, prevista em lei, de que as empresas só poderiam começar a vacinação própria após a imunização dos grupos prioritários pelo SUS. Na prática, significaria permitir que essas empresas furassem a fila da vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Mostra o mapa de votações que Marília se ausentou, por exemplo, na sessão plenária da Câmara que votou a Medida Provisória de nº 1.090/2021, relativa à renegociação das dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). O Fundo é um programa do Ministério da Educação (MEC) e atende a milhares de estudantes de baixa renda em todo o Brasil. As ausências podem ser decisivas na hora da contagem de votos de uma matéria importante como essa. Danilo esteve presente na mesma sessão, votou “sim” pela renegociação e lutou ao lado dos estudantes pela renegociação.

As posições do candidato a senador na chapa de Marília, André de Paula (PSD) e do candidato a vice na chapa de Marília, Sebastião Oliveira (Avante), mostram que eles se posicionam por vezes como orientam partidos ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Nesta MP do FIES, Sebastião Oliveira esteve ausente da sessão.

Marília também marcou presença na sessão e se ausentou no voto em primeiro turno da PEC 22/2011, que fixava um piso de dois salários mínimos (no valor de R$ 2.424) para agentes comunitários de saúde e de combate às endemias e criava regras para a remuneração da categoria. Marília compareceu no segundo turno da votação, no mesmo dia, quando o resultado estava consolidado.