O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado que houve sugestões de alterar a bula da cloroquina. O medicamento, comprovadamente ineficaz contra a Covid-19, foi recomendado pelo governo Bolsonaro em diversas ocasiões.

“O ministro da Saúde é convocado pelo presidente para conversar, chamado para prestar explicações. Dentro do Palácio do Planalto, fui informado após uma reunião que era para eu subir no terceiro andar porque tinha lá uma reunião de vários ministros e médicos que iriam propor esse negócio de cloroquina, que eu nunca havia conhecido”, disse Mandetta.

 Em seguida, ele informou sobre a sugestão. “Nesse dia, havia sob a mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido naquela reunião, que se mudasse a bula da cloroquina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), colocando na bula a indicação para coronavírus”, afirmou. 


“E foi, inclusive, o próprio presidente da Anvisa, Barra Torres, que estava lá e falou que ‘isso não’. O ministro Jorge Ramos [Ministro-chefe da Casa Civil] falou ‘não, isso daqui não é nada da lavra daqui, isso é uma sugestão’. Mas é uma sugestão de alguém, foi pensado e alguém se deu ao trabalho de colocar em formato de decreto”, acrescentou o ex-ministro da Saúde.