A criação de gado Nelore pintado na Fazenda Cajá, região rural do município de Flores-PE no Pajeú, ganhou destaque no noticiário  eletrônico www.jornaldosertaope.com.br, na coluna do Engenheiro Agrônomo e Professor Titular da UFRPE-UAST, Geraldo Eugênio, que na sua narrativa detalha as boas práticas da produção do gado e as belezas/encantos, da propriedade pertencente ao empresário Carlos Alberto de Medeiros Maia (Beto); confira!

Aqui na região do Pajeú se encontra alguns bons produtores de nelore, embora na maioria dos casos a produção é de gado mestiço, extremamente adaptado, mas de baixo valor zootécnico. A busca por bezerros e novilhas Nelore tem sido intensa e a valorização dos animais não poderia deixar de ocorrer. Um bom bezerro, por exemplo, não é adquirido por menos de quatro mil reais aqui no Sertão.

Hoje tive a oportunidade de visitar a Fazenda Cajá, no município de Flores. Uma propriedade que representa muito bem a civilização sertaneja, a criação de gado e os desafios do clima semiárido. Além de um pasto, cercas, estruturas cochos, disponibilidade de água e imóveis muito bem conservados, o visitante se depara com um animal com uma pelagem diferenciada, o Nelore pintado.

Obviamente uma mutação recessiva da pelagem branca com manchas pretas menores e uniformemente distribuídas por todo o corpo. Pelo fato de ser diferente do que representa a monotonia da cor branca nos pastos, tem sido procurada por dezenas de produtores regionais, como uma opção comercial, seja pela valorização da genética ou pelo fato de se contar com um animal diferente do padrão normal.

A fazenda Cajá explora o gado por mais de cem anos e o Beto, seu proprietário que a maneja com os filhos tem conseguido manter a tradição que vem de seus avós. De fato, tanto o nome da fazenda, Cajá; como o Nelore Pintado tornaram-se grife, o que é importante.

Uma outra situação a ser levada em consideração é que de modo planejado, a fazenda Cajá se tornou um centro de disseminação de boas práticas e de uma raça específica de bovinos. Conseguiu alterar o status da produção de um gado meramente de carne para um tipo especial, como isto agregando valor ao produto e tornando-se uma unidade de referência para a pecuária regional.

Gostaria de aproveitar a oportunidade e destacar a importância do ponto de vista de mercado de uma mudança tal qual a implementada pela gestão da fazenda em um período muito curto. Algo em torno de seis anos. A recuperação da unidade produtiva que não estava em boa situação se deu no último período de secas que se estendeu em quase todas as áreas do Semiárido entre 2012 e 2018, voltando a colocar nome da unidade produtiva entre as fazendas de referência na região Setentrional do Pajeú.

Aí vem Lili

Além do gado bovino a fazenda ainda conta com criações esportivas de avestruz, lhamas, ovelhas, cabras, galinhas e uma cabra especial chamada Lili que aprendeu a abrir os ferrolhos da cancela e, se não se cuidar, ganha o mundo como se diz por aqui. Lili passou a ser a mascote da Fazenda. Que outras iniciativas como a do Beto Cajá possam ser postas em prática e, com isto que se difunda os aspectos positivos e as oportunidades da região sertaneja.

Por: Geraldo Eugênio – Professor Titular da UFRPE-UAST