No episódio do ElesPOD desta quarta-feira (22), conversamos com Cleonice Maria, presidente do PT em Serra Talhada e figura central no movimento cultural da cidade, especialmente no tradicional grupo de Xaxado Cabras de Lampião. Durante a conversa, Cleonice direcionou críticas à atual gestão municipal e abordou questões políticas e culturais de Serra Talhada.

Cleonice, que tem se dedicado ao fomento cultural, fez duras críticas aos editais da Lei Aldir Blanc no município. Segundo ela, dos 30 projetos inscritos, apenas dois foram aprovados, deixando 18 propostas culturais de fora.

“Tinha 20 projetos, aí se inscreveram 30 proponentes, mas aí só foi aprovado 2. Então, 18 que deveria estar aqui dentro, não foi aprovado. Pessoas que são de cultura, que promovem cultura, então tem que ver o que foi que houve, essas pessoas não estão…”. Para ela, os editais da cidade, ao invés de promoverem a inclusão, estão se tornando instrumentos de exclusão, dificultando o acesso dos fazedores de cultura aos recursos necessários para a continuidade de seus trabalhos. “Esses editais, eles vieram para fazer com que os fazedores de cultura, eles tenham acesso a esse recurso. Os editais que estão sendo colocados para a cultura de Serra Talhada, eles têm uma vertente diferente. Ele é um edital de exclusão”, lamentou, destacando o impacto negativo disso para os artistas locais, em um crítica direta a Josenildo Barbosa, presidente da Fundação Cultural de Serra Talhada até 2025.

Além disso, a presidente do PT comentou sobre sua relação com a prefeita Márcia Conrado. A relação política entre ambas é tensa, com Cleonice declarando que não há diálogo entre a prefeita e o partido sobre questões políticas internas. Quando questionada sobre a prefeita, Cleonice preferiu não entrar em detalhes, mas afirmou: …minha companheira Márcia Conrado, eu tenho várias divergências políticas com ela. Uma coisa que ela não faz é sentar com o partido dela para falar, para conversar e para debater questões políticas”, explicou.

Na esfera estadual, Cleonice se posicionou sobre o rumo do PT em Pernambuco, criticando a falta de protagonismo do partido no Estado. “O PT é oposição ao governo de Raquel e a gente precisa retomar nosso protagonismo”, afirmou. Ela defende que o PT deveria se afastar das alianças com o governo estadual, liderado por Raquel Lyra, e buscar fortalecer sua oposição, algo já decidido nas reuniões do diretório estadual, das quais ela participa.

“Essa foi uma decisão que foi tirada em reunião do diretório, e eu faço parte do diretório estadual, e eu participo dessa reunião, e tenho a decisão de que o PT é oposição ao governo.” Essa posição é contrária à defendida por lideranças como Doriel Barros, presidente do PT em Pernambuco, e a senadora Teresa Leitão, que articulam alianças com o governo de Raquel Lyra e João Campos – respectivamente. Cleonice se alinha à ala do partido que, assim como ela, defende uma candidatura própria para fortalecer o protagonismo do PT no Estado.

Sobre o futuro político em Serra Talhada, Cleonice deixou claro que não tem pretensões de voltar a disputar a presidência da legenda no âmbito municipal, a não ser que sua corrente dentro do partido a convoque para tal.

“Eu não tenho nenhuma pretensão. Eu não vou descartar, sabe por quê? Porque eu faço parte de um coletivo, eu sou muito disciplinada no meu coletivo.”

Ela mencionou possíveis nomes para a disputa: “Nós temos o nome do companheiro Tozinho, por exemplo, da FETAPE, o nome de Júnior Moraes, Sandra do MST.”

Por fim, Cleonice lamentou o declínio de atividades culturais importantes em Serra Talhada, apontando que, além do Artista na Feira, que acontece toda segunda-feira, pouco restou do fomento cultural por parte do poder público. “As coisas que aconteciam aqui em Serra Talhada, culturalmente, por parte do poder público, acabaram. É só dizer qual é a que continua. Eu não conheço. Eu vou dizer uma que continua, que é o Artista na Feira, que acontece toda segunda, lá no Pátio da Feira Livre.”

Para ouvir a entrevista, acesse o episódio completo no link abaixo.