Em entrevista ao blog de Júnior Campos, a candidata Dra. Jeane Magalhães, levantou questões como a falta de escuta ativa, o desestímulo da advocacia militante, e o distanciamento da entidade das demandas sociais. Ela também apresentou suas principais ideias para fortalecer a relação entre a OAB e a sociedade local, promovendo uma gestão que valorize as comissões internas e dê voz aos advogados de toda a região.

Confira a entrevista na íntegra:

Júnior Campos: O que a motivou a se candidatar à presidência da OAB de Serra Talhada e o que a sua chapa propõe de diferente em relação à gestão atual?

Dra. Jeane Magalhães: É, a advocacia, atualmente, ela tá desestimulada pela ausência do nosso representante da OAB, né, diante das prerrogativas que estão sendo violadas. E,  pelo fato do representante atual tá envolvido, né, teve envolvido de política, não sei se tu soube. E, muitos advogados que não possuem cargo comissionados, não estão em prefeitura, não tem contratos extras, que vivem realmente da advocacia, que vivem da militância, da gente ter que ir no tribunal, ter que ser bem tratado por um juiz. De fato, ficou muito omissa essa gestão.

O que nos uniu, a gente se juntou por um propósito coletivo, principalmente pela descentralização do poder, que eu até brinco quando a gente faz as reuniões assim, pra gente compor a nossa chapa, que a gente vai funcionar como uma lei seca, ou seja, não vai ter aquela OAB de amizades. Porque, como a gente tem representantes, principalmente da diretoria, de todas as cidades, eles vão trazer pra gente, pra todos, pra ali, e no conselho também, das cidades que fazem parte, que compõem a subseccional OAB Sertalhada, eles vão trazer a necessidade. 

O que adianta a gente ter um palacete aqui, como estão construindo uma sede, se o advogado de Mirandiba não tem uma cadeira pra sentar numa delegacia, não tem uma estrutura pra atender seu cliente. Ele não vai trazer, o advogado de Mirandiba não vai trazer o cliente dele pra cá. Ele tá fazendo a urgência ali, o de Belmonte, o de Flores. 

Então, assim, a gente tem que ter esse olhar, não simplesmente só porque ficar voltado aqui pra grandes diretórios. Estamos vivendo um momento que as pessoas estão com medo de se posicionar. 

Ele foi, pleiteou uma vaga de vice-prefeito, ele continuou a agenda dele aí, a gente acompanha as eleições. E deixou, a advocacia um pouco amecer. Mas a gente não tá querendo, assim, focar só apenas nisso, porque isso… Ele pegou momentos que seriam da advocacia e pautas que seriam da advocacia, pessoas que poderiam vir aqui somar pra outros advogados, e ele se concentrava em reuniões isoladas, só ele e outros, e um grupo de minoria. E não pensava necessariamente na inclusão e perguntar pra advocacia das outras cidades que fazem também companhia subseccional de Serra Talhada, saber os pontos deles. 

Flores passou um ano pedindo reunião, pois estavam tendo problemas com o judiciário, e ele sequer nem atendeu e nem respondeu nenhuma mensagem. Belmonte também a mesma coisa. Então, assim, foi quando saímos em campanha pra perguntar pros colegas o que é que a gente queria fazer, por causa que nossos projetos estão todos pautados, nas reivindicações dos advogados militantes, os que vivem da advocacia que hoje se encontram desestimulados por uma falta de apoio.

Júnior Campos: Quais são as principais demandas dos advogados da região que você pretende priorizar caso seja eleita?

Dra. Jeane Magalhães: Uma ouvida ativa com os problemas da advocacia, não só de Serra Talhada, mas de todo o Sertão do Pajeú, das cidades que compõem a OAB Serra Talhada. Uma gestão descentralizada, aonde  todos os advogados terem conhecimento das comissões que existem em Serra Talhada e a opção de poderem participar. Porque essas comissões têm que ser lideradas, não apenas para virar status dos presidentes de comissão que ganharam essas comissões, que sequer foram anunciadas para todos os advogados que existiam na tal comissão. 

Porque eu tenho que tomar cuidado com as palavras, mas como se fosse um favor que o presidente utilizava. Você vai ser o presidente da tal comissão? E se essa comissão ajudava o advogado? Então, ter justamente esse projeto das comissões, serem comissões realmente representativas e ativas para auxiliar os colegas nos problemas que eles tenham, porque justamente é importante o braço nessa gestão, entende? 

De ter, não é só os conselheiros e a diretoria, mas todas as comissões das áreas em especial, como a gente tem previdenciário, a inclusão e não apenas escolhas de nomes pessoais. Porque se o presidente da comissão não gostasse de fulano, sequer dava uma informação ou sequer procurava tentar resolver o problema. E isso foram questões muito também que as pessoas trouxeram. São muitas coisas, Júnior, que estavam acontecendo aqui. E que isso traz com que o sentimento da advocacia aflorasse para chegar esse momento da mudança, da gente conseguir mudar. Porque é um sentimento que não veio só de mim, mas é um sentimento que começou de um coletivo.

Júnior Campos: Como a senhora avalia o papel da OAB no fortalecimento da advocacia e no apoio à sociedade local? E o que pretende melhorar nessa relação?

Dra. Jeane Magalhães: A avaliação do papel da OAB no fortalecimento da advocacia e no apoio à sociedade local envolve uma reflexão crítica sobre a proximidade da instituição com os advogados e com a comunidade. Hoje, a OAB deveria ser uma verdadeira defensora das prerrogativas da advocacia e, ao mesmo tempo, uma entidade que dialoga abertamente com a sociedade, representando uma ponte entre o sistema de justiça e a população.

No entanto, há uma necessidade urgente de melhorar essa relação. Primeiramente, queremos resgatar o papel participativo da advocacia, descentralizando a gestão da OAB e garantindo que advogados de todas as cidades do sertão tenham voz ativa, especialmente os que atuam na militância diária, sem vínculos com cargos públicos ou comissionados. Além disso, buscamos fortalecer as comissões internas, tornando-as mais transparentes e acessíveis, para que realmente sirvam de apoio aos advogados nas suas áreas de atuação.

Com relação à sociedade local, pretendemos intensificar a presença da OAB nas causas sociais, promovendo mais ações de cidadania e diálogo com a comunidade, para que a instituição não seja vista apenas como algo distante, mas como uma parceira na defesa de direitos e no fortalecimento da justiça no sertão.

Júnior Campos: Obrigado Dra. Jeane!

Dra. Jeane Magalhães: Eu que agradeço!