A ponte sobre o Rio Pajeú e que adentra a cidade no sentido Sítio dos Nunes (BR-232) – Flores, já em 1915 era reivindicada pelos habitantes da região quando o Governador Manuel Borba esteve com uma imensa caravana na região. Sua passagem por Flores foi feita dentro do carro do Prefeito de Triunfo ao atravessar o leito seco do rio.

Era um ano muito seco que, segundo Luís Wilson, em Roteiro de Grandes Sertanejos, volume III, página 1041, teria ocorrido naquele ano, fato também registrado pela escritora cearense Raquel de Queiroz, como uma tragédia climática no sertão, com muitas mortes e perdas incontáveis dos rebanhos.

A chegada de Manuel Borba foi uma festa em Flores e, logo ao atravessar o rio seco, do outro lado estava o Prefeito Antônio Medeiros de Siqueira Campos e seu irmão, o Cel. José Medeiros, que dali foram para a casa do então Juiz de Direito Dr. José Roque.

A estrada Rio Branco–Triunfo era uma reivindicação antiga e permitia o escoamento da produção que era grande, principalmente de algodão. O Pajeú, em época de bom inverno, tornava-se caudaloso e impossível fazer a travessia de bens e pessoas, sacrificando por demais a renda oriunda dos produtos da região como um todo.

Naquele ano, a ferrovia da Great Western chegava somente até Rio Branco (Arcoverde), e seu Secretário Executivo era um afogadense, o escritor Manoel Arão, que talvez, por intervenção dele, a ferrovia seria adiante levada o seu trajeto de Rio Branco por Afogados.

Passaram-se duas décadas, e a ponte sobre o Rio Pajeú, na histórica e centenária cidade de Flores, não saía de promessas e reivindicações. Em 1937, um ilustre Prefeito de Flores, José de Souza Dantas, que fora nomeado por Lima Cavalcanti, foi ao Recife, na euforia de um ano próspero e de inverno regular e produtivo, pedir a construção da barragem do Poço Grande e, mais uma vez, a construção da ponte.

Poço Grande, e mais uma vez pede pelo acesso sobre o Rio Pajeú e por comunicação, ou seja, a bendita ponte. Mas, nada. Dantas era pai do menino que se tornaria o famoso compositor e parceiro do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Foi preciso um pajeuense, Agamenon Magalhães, assumir como interventor nomeado por Vargas, por ocasião da instalação do golpe denominado de “Estado Novo”, em 10/11/1937, para que finalmente a obra saísse do papel. Agamenon assumiu o Governo em 3 de dezembro de 1937, mas somente em 16 de abril de 1941 é que o Secretaria Estadual de Viação e Obras Públicas fez a chamada através do Edital de Concorrência nº 17, que se encerraria no dia 22 de abril de 1941.

O mais intrigante da novela da referida ponte é que ela foi construída depois da inauguração da estrada Flores–Triunfo, em 11 de agosto de 1940. Esta estrada já tinha sido iniciada em 1932 pelo IFOCS com os pontilhões necessários. Mas, como se começar pelo fim uma obra que, depois de pronta, precisaria da ponte de Flores para atravessar o Rio Pajeú? Sem comentários.

Ponte sobre o rio Pajeú em 25 de março de 2020/Imagem: Júnior Campos

Finalmente, no dia 15 de maio de 1942, pela manhã, foi inaugurada a ponte sobre o Rio Pajeú, na cidade de Flores, pelo Secretário de Viação e Obras Públicas de Pernambuco, o engenheiro e futuro Deputado Federal caruaruense Gercino de Pontes.

Prefeito de Flores José de Souza Dantas em 1937 (pai do compositor Zé Dantas), Governador Agamenon Magalhães e por última, o Secretário de Viação e Obras que inaugurou a ponte em 1942.

Escrito por Saulo de Tarcio Duarte