O promotor de Justiça da 71ª Zona Eleitoral de Serra Talhada, Vandeci Sousa Leite, arquivou a investigação que envolvia a prefeita Márcia Conrado e o vereador Gin Oliveira, ambos acusados de tentar aliciar o candidato a vereador pela oposição, Odair Pereira. A decisão foi tomada no âmbito da Notícia de Fato nº 02709.000.002/2024.
A denúncia girava em torno de uma suposta tentativa de cooptação política, em que Odair Pereira teria sido oferecido uma quantia em dinheiro para abandonar o grupo do deputado Luciano Duque e apoiar a reeleição da prefeita petista nas eleições de 2024. A acusação foi sustentada com gravações feitas por Odair durante uma reunião com Márcia, Gin Oliveira e Breno Araújo na residência da prefeita.
No entanto, o promotor Vandeci Leite reconheceu que, embora os fatos fossem graves, as provas apresentadas – as gravações feitas por Odair – não poderiam ser utilizadas por serem ilícitas. A justificativa do arquivamento foi baseada no fato de que as gravações foram realizadas sem o consentimento dos participantes, dentro da casa da prefeita, e não em um local público.
“Os fatos, objeto de análise pelo Ministério Público Eleitoral, embora revista-se de extrema gravidade, já que a cooptação de apoio político em troca de vantagens pecuniárias fragiliza e deslegitima o processo eleitoral, deve ser analisado sob o prisma da legalidade e da licitude da prova”, declarou o promotor.
As denúncias e o depoimento de Odair Pereira
Odair Pereira, candidato a vereador, relatou que foi convidado por Gin Oliveira para uma reunião com a prefeita Márcia Conrado. Durante o encontro, foi-lhe oferecida uma quantia de R$ 1.200 mensais, divididos entre Márcia e Gin, além de um pagamento inicial de R$ 5.000 em mãos, caso aceitasse a proposta. Segundo o depoimento de Odair, mesmo após recusar a oferta, foi-lhe dado um prazo de 24 horas para reconsiderar, o que também foi negado.
As gravações feitas por Odair durante a reunião vazaram na internet, expondo as vozes de Márcia, Gin e Breno Araújo. Apesar disso, a prefeita negou qualquer envolvimento em oferta financeira e alegou desconhecimento da gravação realizada dentro de sua residência. Gin Oliveira e Breno Araújo permaneceram em silêncio diante dos questionamentos do Ministério Público.
O arquivamento e possíveis desdobramentos
Apesar do arquivamento do caso, a defesa de Odair Pereira pretende recorrer da decisão do promotor Vandeci Sousa Leite, buscando a continuidade das investigações. A cooptação de apoio político em troca de vantagens financeiras é considerada um crime eleitoral grave, caracterizando abuso de poder econômico e desequilíbrio do processo eleitoral.
O caso continua gerando repercussão em Serra Talhada, especialmente após o vazamento dos áudios, que alimentaram discussões sobre a legalidade e ética das práticas eleitorais na cidade.
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