As últimas semanas na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) têm sido marcadas pela ausência de quórum mínimo para deliberações — 25 parlamentares — o que tem travado a votação de pautas estratégicas, como o reajuste salarial dos profissionais da educação, a autorização para um novo empréstimo bilionário solicitado pelo Governo do Estado e as indicações para cargos de chefia em órgãos estaduais, como a administração de Fernando de Noronha e a presidência da Adagro.
Durante a sessão desta quarta-feira (4), todos os pronunciamentos repercutiram o impasse. A deputada Dani Portela (PSOL) cobrou a presença da base governista em plenário e fez um apelo em nome dos trabalhadores da educação. “Defendam a educação, aprovem o reajuste e respeitem essa categoria de luta. Por uma educação pública, plural, inclusiva e de qualidade!”, declarou, sugerindo que os professores se mobilizem diante do Palácio do Campo das Princesas.
Na mesma linha, Coronel Alberto Feitosa (PL) criticou a ausência de ação por parte do Governo e acusou o Executivo de iludir a população. Ele classificou como “falaciosa” a narrativa de que a Assembleia estaria impedindo o desenvolvimento do Estado ao não aprovar o empréstimo. “O Governo já tem autorização para R$ 9 bilhões em financiamentos, mas falta gestão”, disparou.
Delegada Gleide Ângelo (PSB) também denunciou a falta de diálogo do Executivo com os parlamentares e os servidores públicos. “As coisas não podem ser feitas sem diálogo. Estamos aqui para intermediar”, afirmou, destacando ainda que o problema se repetiu na audiência pública sobre o 20º Batalhão da PM, realizada nesta quarta.
A ausência de informações sobre o novo empréstimo foi outro ponto criticado. O deputado Cayo Albino (PSB) cobrou explicações da governadora Raquel Lyra sobre o contrato com a Caixa Econômica Federal, de R$ 1,7 bilhão, dos quais apenas R$ 600 milhões teriam sido executados. “É verdade que o Governo perdeu o prazo de carência? É verdade que retirou o anexo que dizia onde o dinheiro seria aplicado? A governadora só tem até o dia 5 de julho para solicitar o restante?”, questionou.
Os deputados Romero Albuquerque (União) e Sileno Guedes (PSB) reforçaram a crítica à falta de diálogo por parte do Governo, enquanto Waldemar Borges (PSB) acusou a gestão de negar acesso a informações básicas. “Querer negar o direito a ter acesso a informações elementares é querer ser imperial e autoritário”, disse.
Por outro lado, Renato Antunes (PL) defendeu que tanto o Governo quanto a Alepe precisam agir com responsabilidade diante da situação. “Existem matérias que não podem ser barganhadas. Me envergonha ver a pauta da educação sendo tratada com desdém”, lamentou, ao afirmar que o impasse está sendo usado para antecipar o debate eleitoral.
Essa percepção também foi destacada por João Paulo (PT), que criticou a politização das discussões. “O travamento das pautas tem a ver com a antecipação do processo eleitoral, e quem sai perdendo são os professores, que correm o risco de não ver o reajuste na próxima folha de pagamento.”
Rosa Amorim (PT) reforçou a defesa dos trabalhadores da educação. “Sou ex-aluna da rede pública e sei a importância de termos profissionais valorizados. Quem está perdendo com essa disputa é o povo pernambucano”, concluiu.
Enquanto isso, a Alepe segue travada. O impasse, se não for resolvido nos próximos dias, pode comprometer o cronograma de reajuste salarial da educação e o planejamento de novos investimentos do Estado.
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