Com a reeleição da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), as especulações sobre a composição do novo governo e o papel do Partido Avante, liderado pelo ex-deputado federal Sebastião Oliveira, continuam movimentando os bastidores políticos da Capital do Xaxado.

Apesar de o Avante ter integrado a chapa vitoriosa ao indicar Faeca Melo como vice-prefeito, os episódios durante a campanha e os movimentos recentes sugerem um distanciamento entre o partido e o grupo governista.

Episódios de desgaste durante a campanha

Um dos fatores que contribuíram para o clima de tensão foram os desentendimentos envolvendo o deputado federal Waldemar Oliveira, irmão de Sebastião Oliveira. Logo no dia da convenção partidária, Waldemar manifestou insatisfação por seu nome ter sido omitido no convite oficial do evento. A situação gerou um mal-estar que não foi superado ao longo da campanha.

Além disso, outras divergências pontuais entre Waldemar e o grupo de Márcia Conrado aprofundaram o desgaste. Fontes próximas ao núcleo político indicam que os atritos fragilizaram a relação, contribuindo para o distanciamento observado atualmente.

Possíveis palanques e desafios para o Avante

O cenário político em Serra Talhada para as eleições estaduais já sinaliza uma possível fragmentação da base aliada, com a formação de três palanques:

1. Márcia Conrado apoiando seu marido, Breno Araújo, para deputado estadual, em uma estratégia de fortalecer seu grupo político e marcar território;

2. Allan Pereira, ex-candidato a vice-prefeito, potencialmente declarando apoio a Sebastião Oliveira;

3. Miguel Duque, da oposição, apoiando a reeleição de seu pai, Luciano Duque, como deputado estadual, consolidando seu espaço enquanto principal adversário do grupo governista.

Durante entrevista recente ao ElesPOD, Allan Pereira, não descartou a possibilidade de liderar o apoio a Sebastião, demonstrado ter superado a insatisfação pela escolha de Faeca Melo como vice na chapa governista. Esse movimento reforça a perspectiva de que o Avante pode buscar protagonismo fora do núcleo central da gestão de Márcia Conrado.

Cenário incerto para o Avante no novo governo

Dentro do grupo governista, a avaliação predominante é que o Avante já foi devidamente contemplado com a indicação de Faeca como vice-prefeito. Além disso, pesa contra o partido a postura de alguns de seus membros durante a campanha. Candidatos como André Terto e Sérgio Hernández mantiveram posições de oposição à prefeita, mesmo com o partido coligado à sua candidatura.

Entre os dois vereadores eleitos pelo Avante, a leitura política reforça que suas vitórias não foram conquistas diretas do partido:

• Pinheiro, que já estava alinhado ao grupo de Márcia antes da eleição;

• André Maio, que sempre manteve uma postura independente.

Reforma administrativa e expectativas

Ainda não há confirmação sobre uma eventual reforma administrativa no segundo mandato de Márcia Conrado. Porém, a expectativa nos bastidores é que aliados como Márcio Oliveira, atual vice-prefeito e Gin Oliveira (vereador não reeleito) possam ocupar cargos na gestão, enquanto o Avante enfrenta a possibilidade de não ser incluído na nova configuração do governo.

A leitura geral é de que a prefeita buscará fortalecer sua base política com aliados estratégicos, priorizando a construção de seu projeto político para as próximas eleições, em detrimento de ampliar a participação de partidos que não demonstraram alinhamento consistente durante a campanha.

Com isso, o Avante enfrenta um cenário de incerteza, com desafios para consolidar sua influência na gestão municipal.