A crise entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (26). A bancada governista voltou a esvaziar o plenário da Casa, o que resultou, mais uma vez, no adiamento da votação que definiria o nome de Moshe Dayan para a presidência da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).

A estratégia de obstrução foi duramente criticada pelo presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), que não poupou palavras ao responsabilizar a governadora Raquel Lyra (PSDB) pelo impasse. “Estamos vendo um governo que não tem diálogo ou está perdido, sem saber para onde vai. Dois anos de mandato e esse Governo não disse para o que veio”, disparou.

Segundo Porto, a atitude da base governista demonstra que a própria gestão Raquel Lyra está “trancando a pauta” e dificultando o andamento dos trabalhos legislativos.

O boicote da sessão aconteceu poucas horas após um café da manhã entre a governadora e líderes dos partidos aliados, onde foi anunciado à imprensa a criação de um grupo de trabalho para “colaborar institucionalmente no destravamento da pauta legislativa e na superação de impasses”. O anúncio, no entanto, parece ter surtido pouco efeito prático.

Na defesa da articulação do governo, a líder da bancada governista, deputada Socorro Pimentel (União Brasil), justificou o esvaziamento como uma reação ao que chamou de “atropelo” na tramitação do projeto de empréstimo enviado pelo Palácio à Alepe.

A sucessão de desencontros e a falta de alinhamento entre o Executivo e sua base legislativa levantam dúvidas sobre a capacidade de articulação política do Governo Raquel Lyra, que já ultrapassou a metade do mandato sem conseguir consolidar uma relação estável com o parlamento estadual.