Os desdobramentos políticos em Serra Talhada continuam movimentando os bastidores e evidenciam o realinhamento de forças dentro do governo Raquel Lyra. A grande pergunta entre aliados e adversários da prefeita Márcia Conrado (PT) é: por que a governadora abriu espaço para Sebastião Oliveira (Avante) e Luciano Duque (SD), mesmo após ambos terem sido adversários diretos em 2022?

A resposta mais aceita nos bastidores aponta para um fator determinante: a falta de um posicionamento claro de Márcia sobre 2026. Enquanto a prefeita mantém a postura de que seguirá a orientação do PT — o que é coerente dentro da estrutura partidária —, a falta de um gesto mais explícito de apoio à governadora foi interpretada politicamente como um movimento de “ficar em cima do muro”, o que teria pesado na decisão de Raquel Lyra.

Nos últimos meses, a prefeita tem sido questionada diversas vezes sobre sua posição para a sucessão estadual, mas sempre reforçou que aguardará a decisão do partido.

Nomes como o deputado João Paulo (PT) já deixaram claro que defenderão o apoio a Raquel, enquanto a senadora Tereza Leitão (PT) tem se posicionado a favor de João Campos. Esse silêncio estratégico de Márcia teria gerado um ruído na relação com a governadora, que passou a fortalecer adversários da prefeita dentro de sua própria base.

Outro ponto que teria causado incômodo foi a ausência de Márcia no evento de filiação de Raquel Lyra ao PSD. Mesmo sem uma decisão formal do PT sobre o palanque estadual, a presença da prefeita seria interpretada como um gesto de lealdade à governadora, algo que Raquel valorizou em outras lideranças.

Além disso, há fatores pragmáticos. Luciano Duque, hoje deputado estadual, faz parte de um partido que conta com quatro parlamentares na Alepe — apoio fundamental para a governadora na relação entre o Executivo e o Legislativo. Já Sebastião Oliveira preside o Avante em Pernambuco, uma sigla com um número expressivo de prefeitos e influência política no interior, além de contar com o deputado federal Waldemar Oliveira em Brasília.

Diante desse cenário, Raquel Lyra optou por fortalecer Sebastião e Luciano dentro de seu governo, o que inevitavelmente gerou um abalo na relação com Márcia. O movimento político sinaliza que a governadora está disposta a reorganizar sua base para 2026.

Se a prefeita de Serra Talhada quiser manter o diálogo com o Palácio do Campo das Princesas, precisará dar sinais mais claros de qual lado pretende estar na disputa estadual. Enquanto isso, o grupo de Sebastião e Luciano segue ganhando espaço, redesenhando o tabuleiro político da cidade e da região.