Na próxima segunda-feira (6), o município de Serra Talhada completa 173 anos de emancipação política. O que é motivo de celebração, ganhou contornos de crise política para o Palácio do Campo das Princesas. Isso porque está sendo anunciada na cidade a presença da governadora Raquel Lyra nas festividades e, também, de uma feira literária, na qual liberaria crédito de R$ 1 mil para professores e R$ 500 para servidores do estado comprarem livros. Até aí, tudo bem.

Acontece que a cidade é governada pela petista Márcia Conrado, pré-candidata à reeleição. A gestora tem como principal adversário no município o ex-aliado, ex-prefeito e hoje deputado estadual Luciano Duque, que sonha até acordado em voltar a comandar a prefeitura a partir do próximo ano.

Autointitulado independente na Assembleia Legislativa, Duque na prática tem atuado como aliado de primeira hora de Raquel Lyra, votando com o Governo nas principais pautas de interesse da gestão.

No atual ponto de tensão para a gestão estadual na Alepe – a tramitação do projeto que extingue as faixas salariais dos policiais militares e bombeiros até 2026 –, por exemplo, o voto de Duque foi determinante para garantir a vitória do Governo para que o projeto não fosse alterado na Comissão de Finanças.

O posicionamento gerou um desgaste imenso ao deputado, de consequências pessoais e políticas ainda não contabilizadas. PMs e bombeiros distribuem cards nas redes sociais o classificando como inimigo das forças policiais. Isso sem falar das ameaças que recebe por votar “contra os policiais”.

Falta de convite em Serra
Diante de todo esse contexto, Duque ficou decepcionado com a ação do Governo do Estado nas festividades pela emancipação de Serra Talhada. O deputado, que obteve 21 mil votos, sendo majoritário com muita folga no município, não recebeu qualquer convite para estar presente à celebração.

E não é a primeira vez. Na abertura do ano letivo, a governadora esteve em Serra Talhada e ele não foi chamado.

Em ano de eleições municipais, a sensibilidade dos envolvidos nas disputas locais sofre alteração. Reage a fatos que outrora talvez passasse despercebido (o que não é o caso). E a missão da articulação política é se equilibrar, para não pender para qualquer dos lados e melindrar o outro. Esse é o desafio em um ano com eleição em 184 municípios, como em 2024 em Pernambuco, que será uma prévia de 2026.

Por Márcio Didier