A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, assina, nesta segunda-feira (11), sua filiação ao PSD, partido comandado nacionalmente por Gilberto Kassab, que integra a base do presidente Lula com três ministérios. O movimento, visto por muitos como um aceno ao Planalto, gera repercussões diretas no cenário político do estado e coloca lideranças locais em posição delicada, entre elas a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT).

A mudança de legenda da governadora levanta questionamentos sobre o futuro de uma possível aliança com o PT, especialmente no contexto das eleições de 2026. O senador Humberto Costa (PT), em recente declaração, reforçou a importância da parceria entre Raquel Lyra e o presidente Lula, citando os investimentos do governo federal no estado e o alinhamento em pautas como a PEC da Segurança Pública e os desdobramentos do 8 de janeiro. No entanto, ele cobrou um posicionamento mais claro da governadora sobre um eventual apoio à reeleição do presidente em 2026.

“Existe hoje, sem dúvidas, uma parceria muito importante entre o presidente Lula e a governadora Raquel Lyra (…). Até acredito que a governadora deverá apoiar a candidatura do presidente Lula em 2026. Mas isso precisa ser dito”, enfatizou Humberto.

Enquanto isso, a senadora Teresa Leitão (PT) foi mais incisiva ao afirmar que o PT terá um palanque próprio em Pernambuco e que a tendência é de apoio ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), como candidato ao governo do estado.

“Se outros palanques quiserem apoiar Lula nós não vamos negar apoio, mas Lula terá o seu palanque aqui no estado de Pernambuco. Mantida as correlações e as composições atuais, esse palanque será o do PSB se o PSB de fato lançar o prefeito João Campos candidato”, disse a senadora ao blog Ponto de Vista.

Márcia Conrado na berlinda

No xadrez político estadual, a movimentação de Raquel Lyra também cria um impasse para Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada e aliada de primeira hora da governadora. Filiada ao PT, Márcia tem sido pressionada por adversários a se posicionar sobre 2026, especialmente após declarações de lideranças petistas que apontam João Campos como candidato do partido ao governo estadual.

O deputado estadual Luciano Duque (SD) têm mantido a cobrança pública, instigando a prefeita a definir seu lado. Miguel Duque (PODE), filho de Luciano e adversário de Márcia na eleição municipal, também tem usado o tema como munição política.

Em entrevista recente ao Blog do Júnior Campos, questionamos Márcia sobre seu posicionamento, e a prefeita foi direta, mas sem avançar no debate de 2026: “É nossa governadora até 2026, votamos nela”, disse, evitando qualquer declaração sobre o pleito estadual.

O que muda com a filiação de Raquel ao PSD?

A entrada de Raquel Lyra no PSD pode ser vista como um movimento estratégico para manter pontes abertas com o governo federal, mas sem necessariamente se comprometer com o PT em 2026. Kassab, líder do PSD, tem participação na base de Lula, mas seu partido mantém autonomia nos estados, podendo compor palanques diversos conforme as circunstâncias.

No cenário local, a filiação de Raquel reforça sua posição como peça-chave na disputa pelo governo de Pernambuco, tornando ainda mais difícil a equação para Márcia Conrado, que terá que equilibrar sua relação com a governadora e sua lealdade ao PT.

A filiação de Raquel ao PSD acontece nesta segunda-feira (11), no Recife, e promete movimentar ainda mais os bastidores da política pernambucana nos próximos meses.