Apesar da expectativa em torno da votação das contas do ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, referente ao exercício de 2019, o processo mais uma vez ficou de fora da pauta da sessão desta terça-feira (17). A informação foi confirmada na ordem do dia, composta apenas por indicações e requerimentos de rotina.

 A decisão de não pautar a votação mantém o clima de incerteza no Legislativo e reforça a tese de que o futuro do processo segue atrelado a um acordo político entre o presidente da Câmara, Manoel Enfermeiro (PT), e a prefeita Márcia Conrado (PT).

Fontes próximas à Mesa Diretora afirmam que Manoel ainda “não se sentiu à vontade” para bater o martelo sobre o julgamento das contas de Duque, embora o prazo regimental para apresentação de defesa já tenha se encerrado no último dia 13. A expectativa agora recai sobre a próxima sessão, prevista para o dia 24 de junho — cuja realização, no entanto, também não é garantida devido aos festejos juninos.

PANO DE FUNDO

O processo já havia sido adiado anteriormente e se tornou um verdadeiro termômetro do embate político entre o grupo de Duque — hoje deputado estadual — e a base da atual gestora. Embora as contas tenham sido aprovadas com ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), a votação na Câmara precisa confirmar ou rejeitar o parecer do órgão.

A movimentação dos vereadores nas últimas semanas deixou evidente que os votos estão divididos: Duque teria hoje ao menos sete parlamentares fechados com sua defesa, enquanto a prefeita conta com apoio de cinco. Quatro nomes seguem como fiéis da balança, sob forte pressão dos dois lados.

Para manter o parecer do TCE-PE, Duque precisa de apenas seis votos. Já a rejeição das contas exigiria uma articulação robusta e rara: reunir 12 votos contrários — algo que, até o momento, parece fora do alcance do Palácio Municipal.

SILÊNCIO E CÁLCULO

O silêncio do presidente Manoel Enfermeiro diante da crescente pressão política tem causado desconforto entre os parlamentares. A avaliação nos corredores é que a não inclusão das contas na pauta desta segunda é um indicativo claro de que ainda há impasses políticos não resolvidos e de que a prefeita ainda não conseguiu costurar uma maioria sólida.

Enquanto isso, o próprio Luciano Duque mantém discurso sereno. Em conversa recente com o Blog, afirmou confiar no bom senso dos vereadores e lembrou que o TCE já julgou as contas, sem apontar dolo, má-fé ou desvio de recursos.

Com o processo engavetado mais uma vez, resta saber se o recesso junino esfriará ou incendiará de vez o clima político na Casa Legislativa.