Após o anúncio da reorganização administrativa do Banco do Brasil, o deputado federal Danilo Cabral (PSB) protocolou um pedido de informação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para cobrar mais explicações sobre o fechamento de 361 unidades da instituição e a demissão de colaboradores. O deputado destaca que o banco, controlado pela União, tem um papel social a cumprir, não podendo abdicar dessa função para aumentar a remuneração de seus acionistas privados.
“Nos últimos quatro anos, a rede de atendimento do Banco do Brasil tem sido desmontada. São 17.758 empregos cortados e 1.058 agências fechadas, entre o início de 2016 e o terceiro trimestre de 2020. Além de dificultar o acesso ao banco, especialmente a pessoas idosas que vivem longe de centros urbanos, esse desmonte sinaliza para a ânsia privatista do governo federal, que fala em se desfazer do patrimônio público desde o seu início”, criticou Danilo Cabral.
O parlamentar cita os lucros registrados pelo Banco do Brasil, que demonstrariam a desnecessidade de adotar ações tão duras. Entre 2016 e 2019, o lucro líquido ajustado do BB apresentou crescimento de 122%. Era de R$ 8,033 bilhões em 2016 e subiu para R$ 17,848 bilhões em 2019. O dado completo de 2020 ainda não foi divulgado). No mesmo período as receitas de tarifas e prestação de serviços do banco cresceram 22% passando de R$ 24 bilhões para R$ 29,2 bilhões.
Danilo Cabral ressalta que, ao fechar agências distantes dos centros urbanos, dificultará o acesso aos agricultores familiares que dependem do crédito do banco – 55% de todo o crédito da agricultura familiar é proveniente do BB. “Não podemos esquecer que o acesso à internet no interior do país ainda é precário”, acrescenta o parlamentar. Segundo a pesquisa TIC-Domicílios/2019, na zona rural brasileira 48% dos domicílios não têm acesso à internet, sendo que 39% dos indivíduos nunca acessaram a internet.
E, ao priorizar o atendimento eletrônico, a instituição dificulta o acesso dos mais idosos e dos que têm baixa escolaridade, não familiarizados com as novas tecnologias, e até mesmo os micro e pequenos empresários, donos de bares, restaurantes e pequenos supermercados que ainda utilizam os caixas do BB para o depósito de malotes de dinheiro.
No pedido de informação, Danilo Cabral questiona, por exemplo, quais agências serão fechadas e que municípios serão afetados, quantas pessoas são atendidas nessas unidades e que medidas o Banco do Brasil adotará para assegurar o atendimento adequado para a população que as utilizava. Também trata sobre o impacto do fechamento das unidades para os funcionários do banco, que anunciou a demissão de cinco mil colaboradores.
O ministro da Economia tem 30 dias para responder ao pedido de informação a partir do seu recebimento, sob o risco de crime de improbidade.